Brasiliana: categoria incomparável?

GUSTAVO SORÁ

Sao Paulo

Simposio; Brasiliana, brasilianas. Colecionismo, bibliotecas, pesquisa, identidades nacionais; 2022

Biblioteca Brasiliana Mindlin - USP

Na minha pesquisa de doutorado sobre a Livraria José Olympio Editora, a categoria brasiliana emergiu como a forma elementar da classificação de livros, que traça a gênese e a evolução do mercado editorial brasileiro. O surgimento das coleções editoriais que a partir de 1930 preenchiam significados como brasilianas, balizavam transformações entre as modalidades antigas de colecionismo aristocrático e a disposição de obras sobre a nação para um público leitor anónimo, geral, amplo. Verdadeira façanha de dessacralização e democratização cultural. Desde a famosa Biblioteca Pedagógica Brasileira da CEN, até a Retratos do Brasil da Companhia das Letras, pode se verificar que a edição de brasilianas maximiza a valorização simbólica da obra de uma editora. Marca o desejo de todo empreendimento que busca deixar pegadas na cultura brasileira. É, portanto, uma estrutura invariante. Até onde chega meu conhecimento, em outras culturas nacionais não existe uma palavra similar, que resuma e denote com tanta eficácia ou economia os livros que devem ser lidos para se conhecer um país. Contudo, é possível achar equivalências. Para duvidar da singularidade brasileira, é indispensável passar a projetos comparativos que considerem a emergência e evolução de coleções homólogas em outras latitudes. Vou ensaiar alguns fios de contraste com coleções editoriais na Argentina do século XX.