Possíveis efeitos das mudancas climaticas nas incursões de ar frio sobre o sudeste da américa do sul simuladas em modelos globais.

MULLER GABRIELA V; ANDRADE KELEN; CAVALCANTI IRACEMA F.A; FERNANDEZ LONG MARIA ELENA.

São Paulo, Brasil

Simposio; II Simposio Internacional de Climatología; 2007

 As mudanças climáticas associadas ao aquecimento global como conseqüência do aumento da concentração de gases de efeito estufa, poderiam alterar a freqüência e intensidade das incursões de ar frio no sul de América do Sul. Com a finalidade de investigar como as mudanças climáticas poderiam afetar a ocorrência de eventos extremos de ar frio sobre a região sudeste da América do Sul, são analisados resultados de simulações do clima presente e  futuro com os resultados de Modelos Climáticos Globais do Painel Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC). Considera-se o cenário do século 20 para o clima presente e do A2 para o clima futuro, para os modelos GFDL e Hadley (HADCM3).                                    Identificam-se os casos mais extremos de ar frio segundo a temperatura no nível de 850hPa e a queda da temperatura de um dia para outro, junto a uma análise das configurações sinóticas e da freqüência e intensidade nas simulações climáticas do tempo presente (1961-1990) e futuro (2081-2100). Para três regiões da América do Sul -Argentina, Uruguai e Brasil-, foram comparadas as freqüências obtidas nas saídas do modelo GFDL e Hadley em tempo futuro com os eventos identificados no tempo presente. Os resultados do período de referência foram comparados com as observações provenientes da reanálises do NCEP/NCAR.                     No modelo Hadley as freqüências de ocorrência para os mesmos intervalos de temperatura que no modelo GFDL, nas respectivas regiões da América do Sul, estão mais próximas ao número de ocorrência apresentado pelas reanálises do NCEP/NCAR no período de referência. Para o tempo futuro o modelo Hadley apresenta uma notável redução na ocorrência de eventos extremos frios, a qual é menor que as freqüências obtidas para o modelo GFDL. No entanto, a diferença não é tão marcante entre o presente e o futuro nas freqüências do Hadley como no caso do GFDL.                                                                                                                     Os erros sistemáticos obtidos no clima presente devem ser considerados ao se analisar os resultados do clima futuro. Então, como o modelo GFDL superestima no período de referência o número de ocorrência de extremos frios, se esta característica for projetada ao período futuro, o qual mostra uma freqüência muito baixa de eventos em todas as regiões, principalmente nas categorias mais extremas de temperatura, podemos inferir que os eventos extremos frios serão praticamente inexistentes segundo este modelo. Os resultados com o  modelo Hadley apresentam também  uma freqüência menor de eventos extremos no futuro, para um período equivalente no presente.