DINÂMICA ENERGÉTICA DA INVASÃO DE Cichla ocellaris NA PLANÍCIE DE INUNDAÇÃO DO ALTO RIO PARANÁ.

LUÍS A. ESPÍNOLA,; EVANILDE BENEDITO

Mato Grosso

Congreso; XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA; 2016

Nativo da bacia Amazônica, o tucunaré Cichla ocellaris (Perciformes, Cichlidae), tem sido introduzido em várias bacias hidrográ cas do sul do Brasil e se destacado pelo sucesso alcançado, não apenas devido ao seu hábito de piscívoro visual, mas também as táticas reprodutivas adotadas: longos períodos reprodutivos, construção de ninhos e cuidado parental. Na planície de inundação do alto rio Paraná, o regime hidrológico é o mecanismo chave para o funcionamento ecossistêmico, mas com a construção de barragens a montante, ocorre a modi cação dos níveis uviométricos naturais e aumento da transparência da água, o que tem possibilitado incremento na densidade e biomassa desta espécie invasora. Assim, com a hipótese de que o sucesso de C. ocellaris é garantido ainda pela ampla variabilidade na obtenção de energia intraespecí ca, investigou-se as proporções isotópicas de δ13C e δ15N em diferentes sistemas ecológicos (com maior e menor transparência de água), sexo, estádios de maturação gonadal e tamanho individual. Foram realizadas amostragens entre junho de 2007 e março de 2008 no subsistema do rio Paraná (transparência da água, TA = 1,40 m) e rio Baía (TA = 0,84 m). Para determinação das razões isotópicas de carbono e nitrogênio, em espectrômetro de massa, e da densidade de energia (Kcal/g de peso seco), em bomba calorimétrica, amostras de músculos foram extraídas da região dorsal do corpo e secas em estufa de circulação forçada. Constatou-se valores isotópicos de δ15N mais elevados no sistema de águas transparentes, o que pode estar relacionado não apenas com os maiores valores registrados para os produtores primários (baseline), mas também com níveis tró cos superiores ocupados para a esta espécie no ambiente (rio Paraná) que sofre efeito direto do funcionamento dos reservatórios a montante. Neste sistema, o tucunaré apresentou valores de δ13C mais enriquecidos, se comparados ao Baia, embora tenham sido registrados entre -22,5 a -29?, o que con rma uma maior amplitude de fontes de energia para a espécie no sistema de águas mais transparentes. Na análise intrapopulacional, constatou-se que os valores de δ13C, δ15N e energia são superiores em fêmeas do que em machos. Entre os estádios de maturação gonadal, constatou-se variação cíclica para os fatores analisados, sendo que indivíduos em reprodução exibiram os maiores valores e aqueles em repouso os menores. Na análise por distribuição por comprimento padrão, constatou-se ausência de correlação para os valores de δ13C e δ15N, enquanto que para os valores de densidade calórica foram identi cados variação signi cativa e positiva para ambos os sexos. Portanto, não foram registradas correlações entre as variações isotópicas e a densidade de energia. Conclui-se que a espécie invasora no alto rio Paraná exibe diferentes comportamentos nos dois ambientes distintos deste ecossistema no que concerne a obtenção de energia e o armazenamento da mesma entre os sexos e durante o período de reprodução, um dos fatores que garante seu sucesso.